Johnny Depp afirmou, em entrevista ao Sunday Times, que não guarda arrependimentos pelo processo de difamação movido contra Amber Heard, encerrado em junho de 2022. Ele declarou que carregou “zero arrependimentos”, mantendo-se firme em sua postura até o fim.
Em sua fala, Depp destacou que o momento foi decisivo para proteger sua reputação e a de seus filhos. Ele disse: “Se eu não tentasse representar a verdade, seria como se eu tivesse cometido os atos de que sou acusado”. Na noite anterior ao julgamento na Virgínia, ele afirmou que não estava nervoso: “Se você não precisa memorizar falas, se está apenas dizendo a verdade, joga os dados.”
Um ‘boneco de teste’ para o #metoo
Depp fez uma declaração contundente: classificou-se como “um crash test dummy para o MeToo”, alegando que seu caso antecedeu o auge do movimento, que ganhou força após os escândalos com Harvey Weinstein. Ele afirmou ter absorvido toda a carga crítica sem amparo
Ele criticou duramente quem o julgou com facilidade — afirmando que alguns antigos aliados, inclusive sua agente de três décadas, falaram dele nos bastidores. Ele definiu essa traição como “morte por confetes”: pessoas que teplaudiam em público, mas falavam mal nas sombras.
Traições e laços rompidos
Depp revelou que se sentiu traído por três pessoas próximas, que inclusive participavam de festas com seus filhos. Ele disse que ficou especialmente magoado com essas perdas. Segundo o ator, “essas pessoas estiveram nas festas dos meus filhos, me lançando para o alto. E, olha, entendo quem não se firmou, porque o mais assustador para elas era tomar a decisão certa.”
Ele ressaltou seu compromisso com a lealdade: “Fui leal por 30 anos a uma agente, mas ela testemunhou contra mim no tribunal.” O que ele chamou de “morte por confetes” revela o peso emocional dessas relações rompidas.
Entre a fama e o isolamento
A entrevista também mostrou um lado introspectivo de Depp, que afirmou sentir-se “isolado e preso” à sua fama, incapaz de circular livremente por Londres. Ele disse que prefere um estilo de vida reservado, consumindo vídeos no YouTube e escrevendo em casa. Ele admitiu que essa rotina não é “saudável”, refletindo seu desconforto com a exposição da cultura celebridade contemporânea.
Depp criticou ainda o excesso de “woke” e os programas de reality show, que ele considera superficiais e distantes da autenticidade do trabalho artístico. Ele se mostrou inquieto com o atual panorama cultural e saudoso de outros tempos.
Qual o legado desse julgamento?
O veredito de junho de 2022 devolveu a Depp US$ 10,35 milhões em indenização, com Heard recebendo US$ 2 milhões em contraprocesso. Depois, ambos chegaram a um acordo, com Heard pagando US$ 1 milhão — valor que Depp afirmou ter doado.
Ele considera que o processo foi essencial para limpar seu nome e proteger seus filhos. O ator acredita que esse movimento abre caminho para outras vítimas, homens ou mulheres, e demonstra que a verdade merece ser defendida.
E agora?
Com um novo filme — Day Drinker, de Marc Webb — em produção, Depp sinaliza que o retorno ao cinema continua firme. Ele falou também sobre uma exposição de suas artes plásticas e sua volta à direção de filmes, como um projeto sobre o artista Modigliani.
O ato de encarar o julgamento “até o amargo fim” dá a Depp mais do que uma vitória jurídica: mostra sua determinação inabalável em batalhar pela própria história, mesmo diante de ataques públicos e rupturas pessoais.