Em entrevista à CNN Brasil, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega alertou sobre o rumo das contas públicas. “O Brasil contratou uma crise fiscal, que pode acontecer dentro de dois ou três anos. Dificilmente passa disso”, afirmou. Segundo o economista, apenas o choque dessa crise será capaz de gerar um “senso de urgência” que pressione o Congresso a aprovar medidas estruturais.
Defensor de uma reforma fiscal robusta, Maílson classificou o atual cenário como insustentável. “Temos de repetir essa palavra: sanidade orçamentária. Hoje é uma loucura, um sanatório.” O ex-ministro argumenta que um sistema racional e regras viáveis podem reduzir a incerteza e estimular inovação e produtividade —únicas vias para o Brasil voltar a crescer e aspirar a ser um país rico.
O sócio da Tendências Consultoria também lançou dúvidas sobre a reeleição do presidente Lula, e os números das pesquisas de avaliação já mostram amplo desgaste, que pode piorar ante à crise fiscal iminente. “As dificuldades serão enormes. […] A promessa que Lula tem feito de que vai ter colheita.”
O economista criticou o atual ocupante do Ministério da Fazenda, Fernando Haddad, que compromete a própria credibilidade. “Ele tem prometido coisas que ele não pode cumprir. Isso o afeta perante os formadores de opinião, os empresários, a mídia, o mercado financeiro”, disse. Para Maílson, o Congresso deve barrar boa parte das propostas da equipe econômica, o que aumentará a pressão sobre o ministro.