Casa viva

Uma casa viva tem mancha no tapete.

Tem copos ímpares porque se quebram em dias de festa.

Sempre tem aquela garrafa com um último gole de bebida que sobrou da reunião com os amigos.

É quando falta cadeira pra acomodar todo mundo.

É a lâmpada que queima e deixar pra trocar depois. Temos mais por viver e assim fazemos até no escuro.

Sentar na sacada pra ver o céu, jogar carteado, pôr o pisca-pisca, ter conversas tolas e conversas sérias.

No mesmo sofá que se tira o cochilo, se dá as melhores gargalhadas.

Numa casa agitada, se abre as portas, o coração e a geladeira.

A casa, nunca fica impecável por muito tempo. A vida tem urgência e a louça pode esperar.

Tem música alta, pessoas contando histórias, cachorro latindo e crianças correndo.

Não existe casa grande ou pequena quando se quer viver assim.

É também quando falam que se sentem em casa na sua casa.

Há quem chegue e já tire o sapato, pergunta o que tem pra comer e fica pra dormir.

Almoço improvisado, jantar elaborado. Às vezes ter um banquete pra servir e outras somente salsicha.

A casa agitada é interfone que toca às 4 da manhã pedindo pra baixar o volume. Às vezes é difícil segurar a animação, a gente fala alto e também com a mão.

É fazer a marmita pros amigos, na intenção que levem uma extensão desses momentos com eles.

Colocar a câmera no timer e sair correndo, porque todo mundo tem que sair na foto.

Há quem elogie a decoração e quem tire sarro dos seus cacarecos. É jurar não comprar mais plantas e sempre voltar com mais uma mudinha.

Na casa viva, se vive momentos marcantes. Há quem veio, quem sempre vem e há quem nunca mais volte.

Tem movimento, amigos que sobem sem anunciar e ser o adulto responsável por receber e cozinhar pra família toda.

Viver tantas histórias que não cabem nesse espaço físico. E outras que não podem ser escritas.

Uma casa viva é um espaço concreto e visível do seu coração. É um lar que pulsa.

É agradecer por ter um lugar assim, mas especialmente por ter com quem viver tudo isso.

Com amor, #Realerecebe