Qual a melhor estratégia para desenvolver e viabilizar um projeto no audiovisual? “Faça um projeto para muitas pessoas assistirem, dessa maneira você conseguirá mais recursos para viabilizar a sua obra”, com essa frase, Adrien Muselet, diretor de Conteúdo da Paris Filmes, começou o debate “Modelagem de Negócios para o Audiovisual”, na tarde do último sábado (5), oferecido pelo Sebrae. O evento integra a programação do São Paulo Audiovisual Hub, iniciativa da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.
Escolher as pessoas ideais para trabalhar na sua produção é fundamental, por exemplo, vale entrevistar alguns roteiristas e não chamar alguém somente pelo nome. “Conversar com três ou quatro roteiristas vai fazer você identificar qual deles tem a visão mais parecida com a sua, para realizar o projeto, além de perceber qual realmente se interessou pela obra”, explica Muselet.
Outros pontos apontados como fundamentais para o sucesso da empreitada é a escolha do nome do projeto, que precisa ser claro e causar interesse. Além disso, realizar sessões testes do filme, de preferência com o produto ainda não finalizado. “A nota de corte do mercado e do público, hoje em dia, não aprova mais produções nota 7. Os brasileiros estão muito mais criteriosos que há 15 anos atrás” concluiu.
Adrien reforçou que, além de reunir os profissionais mais qualificados para o seu projeto, é de suma importância entender a obra, estudar suas possibilidades de arrecadar recursos no mercado, potencial de público e principalmente não investir todo seu capital de uma vez. O ideal é aplicar os investimentos com planejamento e em fases determinadas. “Toda obra só é feita uma vez, então a melhor opção é busca os melhores talentos que encaixem no seu projeto seja o diretor, o roteirista ou o ator”, reforça Adrien.
O debate foi bastante claro reforçando os passos necessários para o projeto ter uma chance maior de sucesso. “É preciso contar as melhores histórias, para isso você precisa dos melhores talentos”, disse Adrien. É necessário muito trabalho inicial com pesquisa, escolha dos profissionais adequados, ter o feeling certo para ir ao mercado e primordialmente um texto primoroso. “O texto bem escrito e poderoso, é ao mesmo tempo um imã de talentos e um imã de dinheiro. Histórias mais interessantes e personagens mais envolventes atraem público e investidores”, indicou.
São duas formas de realizar o seu projeto após ele ter sido viabilizado, de forma independente, ou como produção original com apoio de um player. Na produção independente, você tem o controle criativo da obra garantido por lei, além de ficar com todas as receitas comerciais como bilheteria de cinema e venda de direitos para outros mercados. Mas por outro lado, todo o desenvolvimento e a captação de recursos são feitos por conta própria.
Já com apoio de um player, é possível conseguir o reembolso do que já foi investido, o que ajuda no processo criativo e acesso aos recursos técnicos, porém se perde o controle criativo e a propriedade intelectual da obra, e em alguns casos a visão criativa. Antes, existia somente um player no mercado nacional, hoje, são pelo menos cinco grandes empresas que estão em busca dos melhores projetos.
Adrien finalizou o debate mostrando técnicas para a negociação de venda dos direitos, nos casos das produções independentes, enfatizando que quanto mais elaborado e grandioso for o projeto, mais será o valor dele e o poder de barganha da produtora na hora da negociação. Ele citou dois exemplos de produções independentes que tiveram muito sucesso e foram compradas por grandes players, como a espanhola La Casa de Papel (Netflix) e a brasileira Sutura (Amazon Prime). “O que não está garantido por lei é preciso estar determinado no contrato”, concluiu.
Mais do São Paulo Audiovisual Hub
O São Paulo Audiovisual Hub, iniciativa da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, acontece na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) até o dia 13, e conta com debates, palestras, mesas redondas, masterclasses e exibições, sendo realizado em parceria com a Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA), com apoio da Lei Paulo Gustavo. A participação é gratuita, basta realizar o credenciamento pelo site spaudiovisualhub.com.br.
O evento reúne mais de 200 profissionais do Brasil e de 25 países, entre representantes de festivais como Cannes, Berlim e Rotterdam, além de plataformas como Amazon Studios e agentes de vendas internacionais, distribuidoras, canais de televisão, consultores e instituições públicas do setor.
“O SP Audiovisual Hub é uma das muitas iniciativas da Secretaria para posicionar o estado de São Paulo como protagonista global da indústria audiovisual. Nosso compromisso é oferecer infraestrutura, formação, incentivo e articulação entre os diferentes elos da cadeia produtiva, gerando emprego, renda e projeção internacional. São Paulo tem talento, tem mercado e agora terá um hub à altura da sua potência criativa”, destaca Marilia Marton, secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.
O São Paulo Audiovisual Hub tem em sua programação a exibição dos filmes restaurados, com recursos da Lei Paulo Gustavo, “A Mulher de Todos”, de Rogério Sganzerla (seguida de bate-papo com a atriz Helena Ignez) e “O Despertar da Besta (Ritual dos Sádicos)”, de José Mojica Marins (seguida de bate-papo com Marcelo Colaiacovo e Carlos Primati). Algumas atividades realizadas durante os 10 dias terão transmissão ao vivo (identificadas na programação completa abaixo) pelo canal do Youtube do CultSP Play
Durante a programação, também será realizada uma Mostra de Cinema Indígena, com 11 filmes dirigidos por cineastas indígenas de diferentes povos. Os participantes do evento também terão acesso a atividades com profissionais de instituições renomadas do setor, nacionais e internacionais, como Amazon, Torino Film Lab, Cine em Construcion, Talent Generator Factory, Kinoforum, Ventana Sur, Berlinale e muito mais.