As quase 4 milhões de visualizações e a menção de ser uma das melhores histórias publicadas em 2021 no Wattpad, maior plataforma colaborativa de escrita, fizeram a história de “Dezessete Mil Sentidos para Benjamin Park” virar livro pelas mãos da Editora Violeta, maior editora de fanfics do Brasil. Não bastasse o sucesso avassalador com os leitores, a história ainda revela um traço em comum entre a autora, Gabrielle Mariano, e Benjamin Park, um dos protagonistas da trama: ambos estão dentro do espectro autista.
Em “Dezessete Mil Sentidos para Benjamin Park”, Samuel Bertini não tinha ambições, estava repetindo o último ano do ensino médio e tinha um relacionamento complicado com a mãe. Apesar de ter sido uma criança muito agitada e desobediente, ele se tornou um adolescente melancólico e quieto que se obrigava a aceitar a vida maçante que possuía.
“Foi uma mistura de sentimentos. Dezessete Mil Sentidos para Benjamin Park foi muito importante para mim, porque foram três anos de escrita e ela me acompanhou nessa jornada de descoberta. E, quando o diagnóstico chegou, me senti aliviada por finalmente entender o motivo das minhas necessidades, da minha rigidez com rotinas e da minha dificuldade pra m manter relacionamentos, mas também veio um sentimento de impotência, porque eu tinha medo de que ninguém teria paciência para lidar comigo e meu futuro seria solitário” – Gabrielle Mariano, escritora
O que Bertini não esperava, no entanto, era que a paleta de cores da sua vida mudaria drasticamente e que o azul se tornaria a sua cor favorita quando passou a ouvir músicas antigas ao lado de Benjamin Park, seu vizinho autista.
Samuel já havia aprendido a lidar com a monotonia e as frustrações que a vida lhe oferecia diariamente. Seu vizinho, Benjamin, por sua vez, tem ascendência sul-coreana, amava ouvir músicas antigas e se distraía facilmente com as mudanças de cor do céu. Vivendo vidas paralelas, certa vez suas vidas se cruzaram. Tudo isso graças a cinco amigos, boa música, sorvete sabor Blue Ice e a cor azul.
“Eu compartilho a paixão dele pelas cores suaves, pelas músicas dos anos 80 e 90 e pelo sorvete de blue ice. Eu compartilho com ele os stims, a rigidez cognitiva, a ecolalia e a vontade de permanecer em silêncio absoluto, encolhida na cama, quando o dia foi pesado demais e eu precisei lidar com muitas situações estressantes (o que, na minha profissão, é muito comum). Mas eu também compartilho com ele uma vontade constante de ser otimista, de sempre aprender mais e de me esforçar para dar meu melhor em tudo que escolho fazer na vida.” – Gabrielle Mariano, escritora
“Dezessete Mil Sentidos para Benjamin Park” é sucesso de vendas na Editora Violeta. Já são mais de 6 mil exemplares vendidos em duas edições dessa obra que tem mais de 600 páginas. Uma história que traz representatividade para escritores autistas e agrada os corações dos fãs de BTS.
“Fanfics” são histórias ficcionais criadas por fãs, baseadas em personagens e universos de obras existentes, como filmes, livros ou séries. Essas narrativas permitem que os fãs explorem enredos alternativos, desenvolvam romances e aprofundem aspectos não abordados nas obras originais. “Dezessete Mil Sentidos para Benjamin Park”, por exemplo, originou-se como uma fanfic inspirada em Jeon Jungkook (que no livro virou Samuel Bertini) e Park Jimin (Benjamin Park na trama do livro).
