Marcando estreia nos cinemas, a terceira aventura no planeta Pandora, Avatar: Fogo e Cinzas, tem recepção amistosa. Afinal de contas, as pessoas ainda se interessam pela franquia?
Dessa vez, Jake Sully, Neytiri e sua família lidam com o luto pela perda do filho mais velho enquanto enfrentam uma nova e perigosa tribo Na’vi, o “Povo das Cinzas”, que controla o fogo em busca de poder, forçando os Sully a lutar por seu lar e pelo futuro de Pandora.
James Cameron e o espetáculo visual
A franquia tem sua fama (merecidamente) de inserir o público no mundo mágico e alienígena de James Cameron de forma bastante envolvente. Capturas de movimento, efeitos gráficos e muita técnica já fazem parte da narrativa que acompanhamos desde 2009, incluindo os avanços no cinema 3D.
Ao completar sua trilogia, vemos que o padrão visual se mantém com sucesso, entregando exatamente o que a saga promete: uma experiência hipnotizante, sensorial e imersiva. Desta vez temos a oportunidade de conhecer a diversidade de Pandora, expandindo ainda mais sua geografia e apresentando novos conflitos e personagens que enriquecem a experiência dos fãs que tanto aguardavam pela continuação.
A beleza da colonização
Hollywood por muito tempo se interessou por histórias que exaltam o salvador branco. Nos dias de hoje, enquanto certas franquias procuram se distanciar desse tipo de narrativa, Avatar de forma alguma foge desse padrão. As aventuras anteriores destacavam comunidades nativas passivas, recorrendo ao homem americano por orientação e liderança na resistência contra os humanos. Avatar: Fogo e Cinzas, no entanto, vai além.
Na tentativa de explorar Pandora, conhecemos o “Povo das Cinzas”, uma comunidade Na’vi com práticas violentas e tirânicas. Ao entrarem em contato com os militares, vemos a perigosa combinação entre um povo cruel e a sanguinária cultura armamentista.
Apesar de trazer interessantes questionamentos e provocações, criar um cenário em que os nativos pedem para serem ensinados a usar armas de fogo — associadas de forma nobre e honrosa — romantiza o colonialismo e evidencia que a saga, apesar de seu discurso crítico, segue sendo conduzida por um olhar norte-americano quando se trata de poder e heroísmo.
Natureza como pano de fundo
A essa altura, fãs da franquia estão bem familiarizados com os comentários ambientais que as narrativas costumam trazer. O primeiro Avatar (2009) destaca a extração mineral e seu impacto em comunidades locais. O Caminho da Água (2022) apresenta a caça às baleias, portadoras de um líquido capaz de impedir o envelhecimento.
Neste terceiro capítulo, o interesse gira em torno do povoamento de Pandora e das tentativas humanas de respirar o ar do planeta para que ele possa, enfim, ser ocupado — já que a Terra não é mais uma opção viável.
Mesmo trazendo curiosas abordagens a serem exploradas, o público nunca chega a conhecer nenhuma delas com profundidade. Os impactos da extração mineral, o conceito de imortalidade humana e os debates sociopolíticos na ocupação de um planeta já habitável não têm a oportunidade de marcar presença ou se diferenciar do que já vimos antes.
Mais um Oscar a caminho?
Quebrar recordes de bilheteria e ainda marcar presença na temporada de premiações é um feito para poucos. Avatar, até então, tem se destacado com sucesso. As expectativas são de que a nova aventura também consiga repetir o feito, com indicações esperadas para o Oscar em 2026.
As maiores apostas incluem melhor filme, melhor diretor, efeitos especiais (a especialidade da franquia), fotografia e canção original, por “Dream as One”, da cantora Miley Cyrus. Observando o histórico da saga na temporada de premiações, o reconhecimento de Avatar tende a vir, sobretudo, nas categorias mais técnicas.
Avatar: Fogo e Cinzas – Veredito
Com ambições visuais e uma grande batalha no terceiro ato, Avatar: Fogo e Cinzas representa bem a franquia, resgatando velhos hábitos e trazendo os mesmos prós e contras. Sugere debates ambientais potentes, mas continua escolhendo não aprofundá-los ou explorar suas consequências. A expansão de Pandora acaba recebendo mais destaque do que os conflitos e dilemas propostos pela própria narrativa.
Apesar disso, o filme compensa com uma experiência visual de encher os olhos e referências aos capítulos anteriores, ainda frescas na memória dos fãs. Com retorno previsto para 2029, o universo de Avatar segue apostando mais no impacto sensorial como centro narrativo, deixando em segundo plano a complexidade social e ecológica que suas próprias ideias tentam trazer.
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