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Crítica: “A Substância” reflete sociedade obcecada por perfeição

Crítica: "A Substância" reflete sociedade obcecada por perfeição
Crítica: "A Substância" reflete sociedade obcecada por perfeição

A Substância chega com a proposta de te apresentar um terror, mas a verdade é que ele traz uma mensagem um tanto quanto intrigante. O filme traz a história da professora de ginástica Elisabeth Sparkle. Personagem que quando atinge seus 50 anos, encontra-se em uma posição de julgamento pelo seu chefe.

É no momento em que precisam demiti-la e uma nova moça, entre 18 a 30 anos, precisa substituí-la, que “um triplex se aluga em sua mente”.

“A Substância” traz reflexão sobre a vida real

A começar pela maneira como é angulada a câmera. O modo distante com o qual lidam com ela durante a trama faz parecer que estamos dentro do filme. Tornando a experiência ainda mais vívida e que sintamos exatamente o que os personagens estão sentindo.

Quando demitem Demi Moore (personagem dela) de onde ela trabalha simplesmente por não atender mais aos requisitos da perfeição, ao alcançar os 50 anos, podemos rapidamente fazer uma viagem até o nosso mundo.

Em busca da beleza, ela entra no universo da Substância, no qual você pode viver duas versões de si sendo única. A partir daí é gerada Sue, sua versão jovem e com a qual deve trocar de corpo a cada sete dias.

Sue é quem assume seu lugar como apresentadora do programa de ginásticas, uma vez que buscavam uma figura jovem.

Novamente é possível fazer um paralelo. Quando vivemos em um momento no qual as cirurgias plásticas estão sendo pautadas com frequência e a busca incessante pelo rejuvenescimento é ainda maior.

A formação do monstro

O momento no qual Sue tenta assassinar Elisabeth Sparkle, que encontra-se já em sua fase idosa por conta da falta de cumprimento da regra dos sete dias. Este é um dos pontos altos a serem analisados.

Afinal, após o ocorrido, prestes a tornar-se oficialmente a apresentadora oficial do especial de Ano Novo da emissora, Sue começa a sofrer com as consequências de seus atos.

Suas ações refletem em resultados de seu corpo, como a queda dos dentes, fazendo com que ela tente ingerir a substância desta vez em seu próprio corpo como Sue. Ou seja, sendo ela desta vez a matriz e não mais Elisabeth Sparkle (que a gerou anteriormente).

No entanto, o resultado não é eficaz e Sue transforma-se em um monstro, que é composto pelo rosto de Elisabeth, o dela e partes aleatórias do corpo.

Por mais que ela tente matar a outra versão que habita no interior dela, ela não conseguirá enquanto não souber lidar com todos os aspectos que fazem dela única.

Monstro: busca pela perfeição

De uma forma crítica, essa ação representa o olhar de cada indivíduo dentro da sociedade na busca pela melhor versão. A não aceitação da passagem do tempo juntamente com a comparação presente no dia a dia faz com que aconteça o autojulgamento.

O monstro é a junção de tudo que uma pessoa almeja ser, mas que está nas outras. Então, com o desejo compulsivo de ser sempre mais, Sue tornou-se tudo, mas não conseguiu sua versão jovem de volta.

A figura desejada, que seria “a mais bonita”, não se pode alcançar porque existe apenas uma possibilidade: ser você e não as outras pessoas ao redor. O padrão não se alcançará.

Morte

O monstro composto por Elisabeth e Sue apresenta um final trágico: a morte. No final, todos os órgãos se desfazem, explodem e o que resta é um pequeno pedaço, composto pelo rosto de Elisabeth Sparkle.

Elisabeth se arrasta até a estrela de Hollywood marcada com seu nome, olha para o céu e relembra toda sua trajetória profissional, incluindo os momentos em que a aplaudiram.

Após reviver as memórias da vida, ela se desfaz e o que resta é apenas os rastros de seu sangue na estrela. O que acontece um dia depois é a limpeza de sua estrela na calçada da fama, enquanto pessoas seguem andando normalmente em cima dela.

Por mais que com o passar do tempo a estrela permaneça ali, mesmo que danificada, as pessoas que visitam não dão a mínima. Com isso, permanece a moral da história: o recado final de que a morte é o nosso destino em comum.

No final, o desejo pela perfeição e pela beleza que tornam-se por vezes doentios e fragilizam a autoestima, não possuem o mesmo valor que a vida possui.

Quando olhamos para o destino da história, o enredo todo baseou-se em buscar a estabilidade, buscar uma versão que nunca fez nenhuma das duas satisfeitas.

O fim da vida é o que consta no final da prova, e a luta e busca incessante pelo momento da felicidade, pelo momento no qual pareceria perfeita tornou-se nada mais que uma perda de tempo.

Por trás de um filme chamado de bobo ou inocente, há uma lição de vida. Sendo assim, a nota desta redatora para “A Substância” é 8.

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