Pioneiro e visionário, Cabal foi o primeiro rapper brasileiro a ganhar um Grammy Latino, em 2006. A música responsável pela premiação foi “Vida Marvada”, de Chitãozinho e Xororó, em colaboração com o dono do hit “Senhorita”. Numa época em que era inimaginável misturar Rap com Sertanejo, Cabal foi duramente criticado pelo feat. Mas a prova cabal de que o rapper estava seguindo o caminho certo, é que além de ter ganhado o maior prêmio de música do mundo, o artista cantará “Vida Marvada” no Rock in Rio – maior festival de música e entretenimento do mundo – durante sua participação no show de Chitãozinho e Xororó, no dia 21, um sábado.
“Eu recebi o convite para participar do show de Chitãozinho e Xororó no Rock in Rio através de um amigo, o Simão, que é o produtor pessoal da dupla. Em dado momento ele me procurou e disse que o Xororó queria falar comigo. Xororó, então, me convidou para participar do show cantando “Vida Marvada” e eu fiquei muito feliz. A gente fez essa música em 2009 e naquela época chegamos a fazer alguns shows pelo Brasil. Gravamos o DVD em 2014, e nunca mais nos vimos. De repente veio o convite, pra mim é uma honra fazer parte deste momento”, conta Cabal.
A apresentação acontecerá no Dia Brasil, dia em que a música brasileira será a protagonista da edição que comemora 40 anos de Rock in Rio. Um dia inteiro dedicado aos grandes artistas da música nacional dos mais variados ritmos e estilos musicais. Em cada apresentação, acontecerá um encontro de artistas importantes de cada gênero, indo do rock ao trap, passando pelo samba e chegando ao momento “Pra Sempre Sertanejo”, em que o Palco Mundo será tomado pelos ícones Chitãozinho & Xororó e a Orquestra Sinfônica Heliópolis, com os convidados Cabal, Ana Castela, Junior, Luan Santana e Simone Mendes.
“Acho que só cantei para um público tão grande no Planeta Atlântida, e foi há muito anos. Estou muito animado e feliz por representar o Rap dentro do Dia Brasil. No meio de um show de música sertaneja, eu vou tá lá representando o Rap brasileiro”, completa. A volta de Cabal aos palcos, especialmente em um evento da magnitude do Rock in Rio, marca não apenas uma celebração de sua carreira, mas também a reafirmação de sua importância no cenário musical brasileiro. Sua participação no “Pra Sempre Sertanejo” simboliza não apenas um encontro entre estilos musicais, mas também a união de gerações e ritmos que definem a riqueza da música brasileira.
“Vida Marvada” vence o Grammy Latino
O convite para Cabal colaborar com Chitãozinho e Xororó surgiu de maneira inesperada, “eu estava indo para o estúdio e um grande amigo, o DJ Tubarão, me ligou e insistiu para que eu passasse em outro estúdio antes, onde ele estava com Chitãozinho e Xororó, dizendo que a dupla queria gravar uma música comigo. Dei risada, claro. Esse meu amigo é um palhaço, vive brincando, eu não acreditei… Mas ele insistiu, disse que era sério e acabei indo, mesmo assim. Quando eu cheguei lá, dei de cara com a dupla sertaneja. Eu já tinha feito algumas apresentações com o Júnior (Lima), na Soul Funk, a banda dele. Então o Júnior e o Tubarão comentaram de mim para a dupla, e acabou rolando a colaboração”, relembra o rapper em entrevista publicada na revista +Atitude, em 2008.
Assim como Cabal, Chitãozinho e Xororó sempre foram inovadores, foram a primeira dupla sertaneja a colocar guitarra nas canções e não à toa a primeira a colaborar com um rapper. Inesperadamente, “Vida Marvada” levou o Grammy Latino. “Ganhar um Grammy foi totalmente inesperado, eu não imaginava de jeito nenhum. Só a indicação já foi demais! De repente eu estava no Madison Square Garden, em Nova York, ao lado da Jennifer Lopez, da Thalia, do Marc Anthony… Quando anunciaram os vencedores, nem acreditei. Eram Chitãozinho e Xororó, com “Vida Marvada”. Subi lá e arranhei um portunhol para agradecer o prêmio e a oportunidade de representá-los. Foi o momento mais marcante da minha vida”, recorda.
O encontro inesperado no estúdio, que resultou em “Vida Marvada”, não apenas uniu dois gêneros distintos, mas também pavimentou o caminho para uma nova era de experimentação na música brasileira. Na época, essa fusão de Rap com Sertanejo foi vista como ousada e até arriscada, mas o sucesso da faixa e o reconhecimento com o Grammy Latino provaram o contrário. Mais do que um simples feat., essa colaboração marcou o início de uma tendência que, anos depois, se tornou cada vez mais comum na indústria musical. Agora, com a parceria sendo revisitada no palco do Rock in Rio, Cabal e Chitãozinho & Xororó mostram que, quando a música é feita com autenticidade, ela atravessa o tempo e continua a ressoar com diferentes gerações e públicos.
