Ebony subiu ao palco do WME Awards para agradecer a primeira indicação da carreira. Até aí, protocolo. Bastou respirar fundo para transformar a vitória em um editorial ao vivo sobre a hipocrisia da indústria musical brasileira. Spoiler: doeu em quem precisava doer.
Com oito anos de carreira, três álbuns lançados, 300 milhões de streams, milhares de seguidores e músicas rodando há tempos nos charts, Ebony venceu como Revelação do Ano. E resolveu perguntar em voz alta o que muita gente cochicha nos bastidores: revelação para quem?
“Evitei dar visibilidade a essa indicação porque, desde o início, senti que ela não era justa. Faço música há oito anos, tenho três álbuns, milhões de seguidores, 300 milhões de streams e músicas nos charts. Isso me fez questionar. Quanto uma mulher negra do rap precisa conquistar para ser considerada revelação? Será que essa régua é a mesma para artistas de outros gêneros, com agências, empresários e assessores influentes?
A régua torta da indústria… Segundo Ebony
Ebony foi cirúrgica ao questionar qual é, afinal, o ponto de chegada para uma mulher negra do rap deixar de ser tratada como novidade. Quantos números bastam? Ou a régua muda quando o gênero, a cor e o CEP não vêm acompanhados de empresários poderosos?
Sem dourar a pílula, ela chamou a indústria de traiçoeira com mulheres negras. A mesma que relativiza números quando convém, mas usa a ausência deles como desculpa para negar espaço em grandes mídias. A mesma que exige hipersexualização estética, mas censura a sexualidade quando ela aparece nas letras ou nas premiações.
“Eu não acho que números sejam a regra da influência, mas a indústria é traiçoeira com mulheres negras.” A mesma indústria que diz que números não medem talento não nos reconhece nas grandes mídias porque diz que não temos números suficientes. A indústria nos quer hipersexuais, com poucas roupas, mas impede nossa sexualidade nas letras e nas premiações.“
Ebony dedica prêmio à Nanda Tsunami
O discurso virou também um manifesto coletivo. Ebony lembrou que as mulheres do rap nunca precisaram da validação institucional para existir. Elas sempre estiveram ali, se apoiando, enquanto o mercado fingia não ouvir.
E aproveitou o microfone para pedir investimento real em pioneiras como Cheri Lane, Negra Lee, Dina D, Carol Conká, Cris SNJ, Camila CDD e Stephanie. Citou verdadeiras revelações, nomes fora do eixo Rio-São Paulo, MCs trans. E, num gesto final, dedicou o prêmio à “verdadeira revelação do rap de 2025”: Nanda Tsunami.
“As mulheres do rap sempre estiveram aqui, apoiando e incentivando umas às outras. Independentemente do interesse da indústria, a gente sempre existiu. Hoje, finalmente, a indústria começa a escutar mulheres excelentes que estão determinando a nova geração do rap feminino. Peço que a indústria apoie, divulgue e invista em quem veio antes de mim. Peço que a indústria apoie as verdadeiras revelações, peço que a indústria apoie MCs fora do eixo Rio-São Paulo, que a indústria apoie MCs trans. Dedico esse prêmio à verdadeira revelação do rap de 2025: Nanda Tsunami”, Finaliza Ebony.
Ebony levou o troféu. A indústria ficou com o espelho. E nem todo mundo gosta do que vê.
Ebony questiona indicação a “Revelação do Ano” ao vencer a categoria no WME Awards:
— poponze (@poponze) December 18, 2025
"Eu faço música há 8 anos e hoje estou aqui com milhões de seguidores, 3 álbuns, 300 milhões de streams e tenho diversas músicas nos charts há anos. Então isso me trouxe um questionamento:… pic.twitter.com/DljmswjZxZ
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