“Esse blues que finge não ter fim”´traz a marca dos bons encontros da MPB. Walter Ribeiro, compositor, arranjador e cantor da pesada, tem na parceria desta canção, ninguém menos do que o poeta-letrista Nuno Rau, não á toa um dos finalistas do Prêmio Jabuti, que utiliza na letra deste blues um jogo entre “revelar/esconder”, com um lirismo forte, muito apropriado ao estilo Blues. A parceria dos dois foi responsável por canções como Vapor de Mercúrio e Valsa Negra. Ainda desconhecidos do grande público, a dupla fez parte do ” Poéticas em Bytes”, que lançou um olhar atento sobre a beleza e o talento inato das canções que a parceria assina. Esse blues que não tem fim traz solos brilhantes de guitarra, de Marco Veloso. Também é digno de nota, o timbre da voz de Walter Ribeiro .
Esse blues que não tem fim
(Walter Ribeiro – Nuno Rau)
Quando a lua acende a sua prata
o que me consome
o que me consome
vaza assim
Nos versos de um blues que a madrugada
no sereno esconde
no sereno esconde
e apaga em mim
As mensagens que cifrei nas cartas
com palavras mal iluminadas
entregando tudo tudo mas nem tanto assim
E o seu nome por enquanto vaga
pelas notas quase embriagadas
nesse blues sem fim,
esse blues que finge não ter fim
O que o mundo esconde é quase nada
desse pouco eu canto
nesse canto eu ponho
um estopim
Explodindo o breu da madrugada
junto com meu nome
em sua boca escrito com carmim
E o silêncio é só uma cilada
que você deixou na encruzilhada
e esse blues reclama
e me diz seu nome mesmo assim
E o seu nome por enquanto vaga
pelas notas quase embriagadas
nesse blues sem fim,
esse blues que finge não ter fim