Em uma operação internacional de grande repercussão, Israel confirmou ter orientado o iate Madleen, que transportava ativistas humanitários entre eles Greta Thunberg, para mudar seu curso e não seguir rumo à Faixa de Gaza. O episódio reacende o debate sobre o bloqueio naval e a crise humanitária na região.
Contexto da missão e liderança de Greta
A missão da Freedom Flotilla Coalition partiu de Sicília no dia 6 de junho, com destino a Gaza. A bordo estavam 12 ativistas, entre eles a ambientalista sueca Greta Thunberg, a eurodeputada pró-palestina Rima Hassan, e o ativista brasileiro Thiago Ávila. O objetivo do grupo era desafiar o bloqueio israelense, levando mantimentos como arroz e fórmula infantil, e denunciar o sofrimento de mais de 2 milhões de palestinos sob condições críticas, conforme alerta da ONU.
No início do trajeto, o Ministério das Relações Exteriores de Israel divulgou gravações da Marinha, que solicitava, por alto-falante, que o barco seguisse para o porto de Ashdod — único canal autorizado para envio de ajuda humanitária. “A zona marítima ao largo de Gaza está fechada por bloqueio legal”, declarou a Marinha.
Embora não tenha sido abordado por força, o navio seguiu sendo acompanhado, com militares preparados para agir caso persistisse rumo a Gaza.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ordenou às Forças de Defesa de Israel (IDF) que tomassem “todas as medidas necessárias” para impedir que o Madleen chegasse a Gaza. Ele chamou os ativistas de “propagandistas do Hamas” e afirmou que a presença de Thunberg e dos demais era uma provocação política.
“Para a antissemitista Greta e seus companheiros, digo: se afastem, porque não chegarão a Gaza”, disse Katz
Representantes da flotilha reagiram com firmeza. O brasileiro Thiago Ávila comentou ao UOL que Israel estava cometendo crime de guerra e que não temiam qualquer ação militar. Greta reafirmou que a missão visa denunciar o “genocídio e o cerco ilegal” imposto aos palestinos, mantendo a postura pacífica e humanitária
Contexto humanitário: bloqueio completo e fome
Desde outubro de 2023, após o ataque do Hamas, Israel intensificou o bloqueio a Gaza. Em março de 2025, a restrição foi ampliada, impedindo a entrada de quase todo tipo de suprimento. A ONU alertou que uma grande parte da população vive sob risco de fome e falta de infraestrutura básica.
A tentativa atual ocorre um mês após a Flotilha da Liberdade liderada pelo navio Conscience ter sido alvo de ataque por drones em águas internacionais próximas a Malta. Desde então, a resposta internacional ao bloqueio se intensificou, e novas ações seguem sendo organizadas para entregar ajuda direto à população em Gaza.
O que vem a seguir
- O Madleen deve ser escoltado até Ashdod pelas autoridades israelenses, com a deportação dos tripulantes à sua origem, conforme indicado.
- A ONU, ONGs e governos aliados analisam a legalidade da ação militar israelense no mar internacional.
- A ativistas prosseguirão, virtualmente, em campanhas diplomáticas e de conscientização global, denunciando fragilidade da crise humanitária em Gaza.