Paulo Henrique da Silva
Neste ultimo dia 20 de julho de 2025, o Brasil perdeu uma de suas vozes mais potentes e emblemáticas da música. Preta Gil, símbolo de representatividade, autenticidade e resistência, faleceu aos 50 anos, nos Estados Unidos, em decorrência de complicações provocadas por um câncer colorretal. A cantora e empresária estava internada no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York, um dos centros oncológicos mais renomados do mundo, onde vinha realizando um tratamento experimental desde maio deste ano, após uma longa jornada de luta contra a doença iniciada em 2023.
A notícia da morte foi confirmada pela equipe da artista e rapidamente repercutiu na imprensa nacional, com ampla cobertura de veículos como Folha de S.Paulo, O Globo, CBN e outros importantes canais de comunicação. O falecimento ocorreu por volta das 20h, no horário de Brasília, e gerou uma onda de comoção imediata nas redes sociais.
Fãs, colegas de profissão, ativistas e figuras públicas prestaram homenagens emocionadas, relembrando a trajetória de uma mulher que sempre fez da arte, da coragem e da transparência marcas de sua vida pública. A cena cultural brasileira amanheceu mais silenciosa, marcada pela ausência de uma voz que nunca teve medo de se posicionar.
A luta de Preta Gil contra o câncer
Preta Gil travava uma intensa e corajosa batalha contra o câncer desde janeiro de 2023, quando recebeu o diagnóstico de um adenocarcinoma no reto. A partir desse momento, sua trajetória deixou de ser apenas pessoal e passou a ser também coletiva: Preta escolheu transformar sua luta em um gesto público de força e empatia.
Com honestidade e transparência, ela dividiu com seus seguidores os altos e baixos do tratamento, tornando-se um símbolo de resistência e inspiração para milhares de pessoas. Enfrentou quimioterapias, cirurgias delicadas e longos períodos de recuperação, sempre mantendo a generosidade com o público e a coragem de seguir em frente, mesmo nos dias mais difíceis.
Após um período de aparente remissão, a doença voltou com agressividade em agosto de 2024, atingindo outros órgãos e exigindo novos ciclos de tratamento. Preta encarou novas sessões de quimioterapia e passou por intervenções cirúrgicas de alto risco incluindo um procedimento crítico que a levou a um coma induzido por três dias.
Ainda assim, manteve a esperança acesa e a vontade de viver intacta. Em maio de 2025, já com o quadro agravado, decidiu buscar alternativas fora do Brasil e viajou aos Estados Unidos para participar de um protocolo médico experimental em Nova York, no prestigiado Memorial Sloan Kettering. Infelizmente, nas últimas semanas, seu estado de saúde piorou de forma irreversível, culminando em sua partida prematura.
Acompanhe a linha do tempo da luta de Preta Gil contra o câncer:
Janeiro de 2023
Preta é diagnosticada com câncer colorretal após fortes sintomas e desmaios. Inicia a quimioterapia.
Abril de 2023
É internada na UTI com sepse, pneumonia e pancreatite. Sobrevive a uma fase crítica com fé e apoio médico.
Agosto de 2023
Passa por uma cirurgia de 14 horas para remover o tumor e órgãos afetados. Anuncia remissão.
Dezembro de 2023
Realiza segunda cirurgia para retirar a bolsa de ileostomia. Comemora a recuperação parcial.
Agosto de 2024
Câncer retorna com metástases em quatro pontos. Inicia nova rodada de quimioterapia.
Dezembro de 2024
Passa por cirurgia delicada e fica em coma induzido. Passa a usar bolsa de colostomia definitiva.
Maio de 2025
Viaja aos EUA para iniciar tratamento experimental. Mantém o otimismo mesmo diante do agravamento do quadro.
20 de julho de 2025
Falece em Nova York por complicações do câncer. Brasil entra em luto.
A carreira de Preta Gil
Filha do lendário Gilberto Gil e afilhada da inesquecível Gal Costa, Preta Gil nasceu cercada pela música e pela efervescência cultural brasileira. Apesar de crescer nos bastidores da MPB, foi apenas aos 28 anos que decidiu assumir seu próprio espaço como cantora, lançando seu primeiro álbum em 2003. A partir daí, construiu uma trajetória única, marcada pela autenticidade, pelo enfrentamento de preconceitos e pela celebração da liberdade de ser quem se é.
Em 2009, deu vida ao Bloco da Preta, que rapidamente se consolidou como um dos mais emblemáticos do Carnaval do Rio de Janeiro. Mais do que uma festa, o bloco se tornou um espaço de acolhimento e celebração da pluralidade racial, sexual, corporal e cultural, refletindo os valores que Preta sempre defendeu em sua vida e carreira. Entre seus maiores sucessos musicais estão “Sinais de Fogo”, “Você e Eu, Eu e Você (Muito Perigoso)”, “Sou Como Sou” e “Vá se Benzer”, essa última em parceria com a própria Gal Costa.
Fontes: Folha de S.Paulo, F5 Folha, O Globo/CBN, Terra, O Tempo, Infomoney, R7 Notícias, ABC do ABC, UOL, Portal Popcyber.
