Assim como a tensão e os riscos iminentes, os custos da Guerra da Ucrânia também crescem à medida em que o conflito avança. Um grupo, porém, se beneficia e se reinventa, aumentando seu protagonismo e sua importância para as estratégias de Vladimir Putin: os barões do petróleo e do gás. O último episódio da série inédita documental “Os Oligarcas de Putin”, estreia com exclusividade no Curta! e revela como eles financiaram – e ainda financiam – a guerra.
Dividida em três partes, a produção traz os bastidores da participação dos milionários russos que controlam, entre outras coisas, o mercado de petróleo e gás, e ajuda a contar a história política e econômica da Rússia do início dos anos 90 até hoje. Uma oportunidade única para ajudar a compreender a atuação da Rússia no atual contexto político. Dirigida por Jérôme Fritel, a série é uma produção da ARTE France e YAMI2.
O episódio “Financiando a Guerra da Ucrânia” mostra como possuir o controle de recursos de petróleo e gás se torna uma vantagem para o Kremlin, uma vez que mais de 40% do gás que abastece a Europa provém da Rússia. E ainda como o domínio da energia seria um passo fundamental para a ambição militar e histórica de Putin de resgatar o poder de uma Rússia dominante. Em 2014, ele anexa a península da Crimeia e, oito anos depois, invade a Ucrânia.
Putin usou seu grupo de empresários do setor de energia para chantagear nações como a Alemanha, França e Reino Unido. Ele teria ordenado a suspensão do abastecimento de gás a países da União Europeia como parte de sua estratégia bélica: sem gás para enfrentar o rigoroso inverno, os países seriam forçados a negociar sobre a invasão da Ucrânia, conta Luke Harding, jornalista do The Guardian e autor do livro “Mafia State”. Para ele, Putin era “o cara da torneira”. Se os países europeus “se tornassem difíceis e agressivos, Putin simplesmente fecha a torneira”.
“A Rússia é uma mina de reservas de petróleo inexploradas e intocadas. Onde mais encontraríamos algo da magnitude da Rússia? Só os depósitos do Ártico são o bastante para abastecer o mundo por 50, 100 anos”, afirma Bem Aris, também jornalista e especialista em energia russa.
Novos oligarcas, como Gennady Timchenko e Leonid Mikhelson, da Novatek, produtora de gás, e Igor Sechin, da petrolífera Rosneft, se tornam protagonistas da política russa ao assinarem contratos de bilhões de dólares com empresários ocidentais para o fornecimento de energia.
“Putin vê os empresários ocidentais como aliados na luta contra os valores ocidentais e as regras da ordem mundial. Ele acredita que os empresários e investidores ocidentais pediriam a seus governos que fossem gentis com a Rússia, para poder ganhar dinheiro”, relata o ex-vice-ministro da energia da Rússia Vladimir Milov.
O episódio aborda ainda dúvidas sobre o futuro dos oligarcas diante das sanções econômicas aplicadas pelos Estados Unidos e medidas de restrição da União Europeia. No debate para entender se a Rússia poderia perder seu baú de ouro que financia a guerra, vemos como Putin, entretanto, montou um exército fiel de oligarcas, que sabe se adaptar às exigências dos tempos e escreve uma nova ordem mundial.
“Acho que as sanções contra os oligarcas russos vêm de um erro de análise grave. Como eles sustentavam a economia russa, achavam que eles iriam pressionar Putin para parar a guerra e encerrar as sanções. Mas aconteceu o oposto, quando as sanções foram aplicadas, todos se reaproximaram da Rússia”, analisa o embaixador da França na Rússia Jean de Gliniasty.
“Os Oligarcas de Putin” é uma produção da ARTE FRANCE e YAMI2. O filme, com três partes de 52 minutos, também pode ser visto no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br) a partir de agosto. A estreia é no dia temático Sextas de História e Sociedade, 22 de agosto, às 21h.